sábado, 6 de outubro de 2012

Triste realidade



Incomoda-me não ter carteira de motorista e por isso ter que depender da boa vontade do meu pai pra me levar nos lugares. Incomoda-me ficar combinando horário com ele e quando a hora se aproxima, ele vem jogar na minha cara que não vai me levar ou que não pode nem dormir até mais tarde ou assistir futebol. Incomoda-me quando ele tem necessidade de me ver “beijando seus pés” ou que eu implore meia hora pra vê-lo calçado com tênis e balançando a chave do carro pra me levar onde tenho que ir. Incomoda-me ser tão boazinha, fazer tudo que meu pai quer, mesmo achando ruim, e quando preciso dele, mesmo que ele vá me atender, primeiro, tem que fazer “doce” com minha cara. Incomoda-me ter que depender dele nesse sentido, depender do dinheiro dele e da paciência dele. Incomoda-me, não concordar com isso tudo, surtar de vez enquanto, ficar brava, chateada e ainda ter que escutar que sou louca, ruim, pecadora e não sei mais o quê. Quando eu peço pra ele algo, peço apenas uma vez. Se ele quiser me atender, fico aguardando, mas caso contrário, isso é a gota d’água. Não me venha dizer que está me esperando ficar pronta e chamar de novo. Não venha bancar de bonzinho e dizer que não me negou nada. Eu falo só uma vez e quando não tenho outra saída, tipo dinheiro pra pegar um ônibus ou ônibus disponível pra que eu possa ir onde PRECISO IR, me resta mesmo chorar e mostrar o quanto sou amada, por gente que não me atende e depois vem falar que sou fresca e que tenho que trabalhar na "Globo". Não que eu seja dona da verdade, linda e maravilhosa que "falou e a água parou". Mas sim, que não pedi pra vir ao mundo (parece frase de gente rebelde, revoltada, mas nem sou. É um clichê, que nem sei como, me alivia um pouco)  e mesmo tendo um pai  tão bonzinho, as vezes,  ele me faz  sofrer com coisas tão idiotas como essas.