Tatianna – Anjinha querida

Você não era aquela minha melhor amiga. Aquela de ligar a todo instante, nas madrugadas, de contar as novidades, desabafar e tal. Mas você era aquela colega, que eu encontrava toda semana, que trocava algumas palavras, que sofreu também, as dores da sapatilha de ponta. Aquela serena, que às vezes, quando presente, era só mais uma, mas quando ausente, fazia uma falta danada porque, quem ao dançar, dançava de forma tão sutil como você? Aquela que sabia transmitir a musicalidade, de forma harmoniosa, pura e com um sorriso sem igual? Como esquecer os ensaios a noite da primeira coreografia de ballet, na ponta dos pés? Como se esquecer da gente reunida, com outras meninas, falando de um problema que aconteceu com as nossas roupas do festival no dia da apresentação? Do dia que você riu tanto de mim, porque outra coreografia minha, que você não estava, o meu cabelo (duas tranças para cima) ficou muito engraçado? Como vou esquecer-me da pequena magrela como eu? Do seu cabelo vermelho, que era referência? Como não lembrar as conversas no MSN todos os dias e você, contente, porque seu sobrinho iria nascer? Hoje, eu me arrependo por não ter sido mais presente, quando então achava que era. De não te abraçar toda hora, morder suas bochechinhas, conversar mais e mais pessoalmente e ter sido uma das suas melhores amigas, quem sabe. Porém, ao mesmo tempo, alegro-me por lembrar, que você viveu intensamente, parecendo, levar sempre consigo aquela frase: “Viva como se não houvesse o amanhã”. Mas, às vezes acho que este não era seu lema. Você tinha sede de viver sempre mais. Sem fronteiras, sem impedimentos, viver aprendendo com os desafios da vida e seguir. Foi assim, que observei com a descoberta de sua doença. Todos juntos, acreditaram e depositaram suas confianças em Deus, no fervor de sua luta e na vontade de vencer, dia após dia. Foi então, que me ofereci a te ajudar no que precisava. Trocamos palavras bonitas, pensamentos e frases bíblicas. Foi você, quem me disse: “Deus só nos dá, aquilo que conseguimos suportar”. Porque nós acreditamos, que há um propósito em tudo que passamos. Porém, o Senhor fez o que não imaginei, jamais. Levou-te para junto dele, tão depressa. E quem somos nós, para contestar com Deus? Acredito que hoje, você virou um anjo e agora alegra com tua presença todos que lá no alto estão. É assim, que a saudade aperta: lembrar de tudo que você fez, de tudo que você foi. O teu sorriso e sua alegria são marcas registradas. A gente lamenta por sua partida e dentro de nós, há um desejo insondável de "querer acreditar" que alguma oportunidades tens, de ler tudo isso, de nos escutar e nos guiar, então, tenha a certeza de que o amor por você de todos os que te rodearam é imenso! E hoje, digo que realizada e feliz eu estou; por ter tido a oportunidade de te conhecer e compartilhar contigo, alguns momentos de sua vida. Temos a convicção de que você viveu sim, intensamente entre nós, transformou suas dores em dores de coragem e força e hoje é o vento e as lembranças. Descanse em paz, anjinha querida!