sexta-feira, 6 de maio de 2011

Diário de um mendigo


Rio de Janeiro, 02 de maio de 2002
Querido diário,
Hoje acordei com uma tremenda sorte. Logo cedinho, vaguei pelas ruas desta cidade maravilhosa em busca de um sorriso escondido dentro de mim. Concluí que, sou mais feliz do que muitos ricos. Tenho por perto e tempo pra ver: belas praias, o sol se despedindo e as moças bonitas. Vi-me como um turista, observando tudo de perto, pela primeira vez. Continuei a andar e, parei em um depósito de lixo de um sacolão, para alimentar. Quando então, o gerente de lá, chamou-me e quando pensei que fosse para resmungar, deu-me de presente um cesto com verduras e frutas fresquinhas. Contente, fiquei. Ao dar alguns passos, suspirei e agradeci ao Senhor. Senti um pingo, caindo em minha face e a chuva anunciava a sua vinda. Apressei-me, mas ela desabou. Então parei em frente de uma loja e, um senhor, olhando-me dos pés a cabeça, chamou-me oferecendo várias caixas de papelão. Aceitei claro! Ajudaria no combate ao frio. Lá ficamos conversando e vi ainda, que havia uma secretária, mordendo uma caneta e logo, desprezou-a ao lixo. Aproveitei e pedi. Foi então, quando a chuva parou e já estava entardecendo. Fui radiante para o beco, onde moro. Ao apontar na esquina, meus amigos - mendigos - pulavam com um refrigerante, latinhas velhas e um pacote de biscoito em mãos, cantando parabéns para mim. Afinal, é o meu aniversário. Logo, saboreamos o cesto que ganhei de presente, cantamos e felizes terminamos a noite. Agora, em meio a esta madrugada fria, todos dormem aquecidos com o material que ganhei e, aproveitei o meu pedaço de papelão para ser mais uma das folhas do meu diário. E com a pouca tinta que restava na caneta, termino aqui o meu dia. Vou dormir.

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