sábado, 25 de maio de 2013

Amiga dissimulada, é amiga?

Quanto tempo não escrevia. Ou melhor, não escrevia neste blog, porque, parar de escrever, isso nunca aconteceu. Ando escrevendo algo que, certamente, ninguém sabe, mas que, futuramente, todos saberão e poderão compreender esta minha vida que é tão dinâmica. Bem, não interessa se este texto é pessoal ou fictício. Não irei revelar, então, deixe sua imaginação navegar. As vezes o "nada" me motiva escrever. Contudo, o que levou-me a dedicar a esta arte no dia de hoje, foi o quanto estou horrorizada com uma pessoa que se diz ser minha amiga. Não aguento tamanha falsidade. Tanta dissimulação. As pessoas que são suas amigas, normalmente sabem o que você gosta de fazer, de quem você gosta, onde estuda, suas preferências, não é? Por isso, concordando ou não, é fundamental saber respeitar. Quem é seu amigo, te ama, te ajuda, te compreende, abre teus olhos e faz o que estiver no alcance por você. Certo? Mas e quando esta pessoa começa fingir? Começa utilizar outras pessoas pra fazer aquilo que ela tanto quer pra não se comprometer? Como ela se interessa pelo mesmo garoto que você tanto ama? Começa a inventar mentiras, a utilizar o ponto fraco do outro,  a usar situações para se autopromover? E o pior de tudo: se passar de bêbada pra chegar no seu namorado. Troca mensagens de amizades (mesmo que seja, não interessa) com o seu amado, convidando-o para ir numa festa, pra assistir filme na casa dela, ou viajar, visitá-la e ficar na casa dela? Imaginem se esta pessoa não fosse minha amiga? Imagine se ela não tivesse amigos e um "amor" para sonhar? Achava que era minha amiga. Guardo um respeito enorme por ela. Mas, não. Ela não é minha melhor amiga e nem mesmo amiga. Ela é uma conhecida, uma colega. No máximo! Continuarei respeitando e a tratando bem. Mas chega! Se não, a dissimulada serei eu. E isso, com toda certeza eu afirmo que não sou. Garota dissimulada: quero distância.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

O amor

Semana passada liguei pro meu melhor amigo e convidei para um cinema. A gente não se falava desde o ano novo, quando tudo deu errado pro nosso lado. De tempos em tempos sumimos, falamos umas coisas horríveis de quem se conhece demais. Ele topou desde que fosse daqui pra frente, preguiça de conversar da briga e tal. E fomos. Cheguei antes, comprei. Ele chegou depois, comprou água. Porque eu comprei os ingressos, ele comprou também uns doces e disse que pagaria o estacionamento. Porque ele pagaria o estacionamento, eu disse que daria a carona da volta. E com meu coração tão calmo eu voltei a sentir o soninho de sofá de casa com manta que sinto ao lado dele. A gente não se beija nem nada, mas quando vai ver pegou na mão um do outro de tanto que se gosta e se cuida e se sabe. Já tivemos nossos tempos de transar e passar nervoso e aquela coisa toda de quem ama prematuramente. Mas evoluímos para esse amor que nem sei explicar. Ele me conta das meninas, eu conto dos caras. Eu acho engraçado quando ele fala "ah, enjoei, ela era meio sem assunto" e olha pra mim com saudade. Ele também ri quando eu digo "ah, ele não entendeu nada" e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai mas sempre volta. Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre. Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase quinze anos. Somos pra sempre. Ele conta do filme que tá fazendo, eu do livro. Os mesmos há mil anos. Contar é sem pressa de acabar. Se ele me corta é como se a frase que eu fosse falar fosse mesmo dele. É um exibicionismo orgânico, como se meu silêncio pudesse continuar me vendendo como uma boa pessoa. São quinze anos. É isso. Ele me viu de cabelo amarelo enrolado. Eu lembro dele gordinho e mais baixo. Ele sempre comprou meus testes de gravidez, mesmo a suspeita nunca sendo nossa. Eu já fui bem bonita numa festa só porque ele queria me fazer de namorada peituda pra provocar a ex mulher. Minha maior tristeza é que todo novo amor que eu arrumo vem sempre com algum velho amor tão longo e bonito. E eu sofro porque com pouco tempo não consigo ser melhor que o muito tempo. E de sofrer assim e enlouquecer assim, nunca dou tempo de ser muito para esses amores porque estrago antes. Mas meu melhor amigo é meu único amor. O único que consegui. Porque ele sempre volta. E meu coração fica calmo. E ele vai comigo na pizzaria e todos meus amigos novos morrem de rir porque ele é naturalmente engraçado e gente boa e sabe todos os assuntos do mundo. E todo mundo adora meu melhor amigo. E eu amo ele. E sempre acabamos suspirando aliviados "alguém é bobo como eu, alguém tem esse humor" e mais uma vez rimos da piada que inventamos, do pai que chega pro filho e fala: sua mãe não é sua mãe, eu transei com outra". E esse é meu presente dessa fase tão terrível de gente indo embora. Quem tem que ficar, fica.

Tati Bernardi

Minha cara este texto. Por isso, resolvi compartilhar.